Projeto de piscicultura muda realidade de mulheres no lago de Itaparica

Mulheres mudam de vida através da Piscicultura, aumento de autoestima, valorização pessoal, upgrade nas finanças e mais expectativa de vida, são ganhos adquiridos através desse trabalho.

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Foto:ProRural

A rotina de cuidar do lar e das crianças ou ser diarista em casa de família não existe mais para dezenas de mulheres do Sertão de Itaparica. Muitas trocaram o trabalho doméstico por uma atividade até bem pouco tempo de exclusividade masculina, a piscicultura, e mudaram suas vidas. Não imaginavam um dia conquistar tanta independência, passaram a enxergar a vida sob uma ótica diferente, com mais expectativa e almejando cada dia mais êxito no trabalho.

Através do Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (ProRural), as piscicultoras conquistaram o mercado de Tilápia na região e chegam a produzir até 17 toneladas do peixe por mês. Um número de extrema relevância, considerando o tipo de serviço que elas encaram, com força e disposição diárias.

 

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Foto:ProRural

 

Com esse upgrade na vida social, pessoal e financeira, muitas delas deixaram a vida de dependência dos maridos e cuidados exclusivamente do lar, e se tornaram as chefes de família, recebendo até mais que os maridos, podendo mais do que ajudar nas finanças da casa, algo que não se pensava acontecer um dia.

Em Jatobá, a rotina da Associação São Sebastião do Sítio Umburana (ASSSU), o primeiro projeto a receber financiamento do Banco Mundial, que é uma instituição financeira internacional que fornece empréstimos para países em desenvolvimento em programas de capital, da ordem de R$ 236 mil, não é fácil. O ProRural fomenta projetos desse tipo, com os recursos repassados pelo Banco Mundial, funciona como um ciclo de investimentos.

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Foto:ProRural

 

Para cuidar dos 60 tanques de rede cheios do pescado as mulheres precisam pegar no pesado, mas a compensação vem nos ganhos financeiros e de autoestima do grupo. A maior parte das mulheres não tinha renda ou recebia uma média de R$ 50,00/semana fazendo faxina ou sendo babás. Hoje, as mulheres chegam a ganhar dois salários mínimos por mês, mais do que a maioria dos maridos consegue tirar de remuneração.

“A conquista do espaço foi difícil, porque a mulher era vista como mão de obra secundária na piscicultura e fazia apenas o trabalho manual como a retirada das vísceras. Nós mostramos que somos capazes de despescar 3 mil quilos em até uma hora e meia, enquanto alguns grupos de homens não fazem nem a metade disso. Aqui, quando uma não consegue pegar sozinha o saco de 25kg de ração pegamos de duas, mas não desistimos”. Comenta a presidente da ASSUR, Alexandra Gerônimo da Silva.

Segundo a associada Eleonilde da Cruz a mudança na vida das mulheres piscicultoras foi além da rotina diária e do quanto ganham, muitas não acreditavam nem nelas mesmas. Elas passaram a se valorizar, serem valorizadas e já conseguem ver uma mudança cultural nas relações de gênero. “Depois que muitas passaram a vir para o projeto em escala de 24h de trabalho por 24h de descanso, os maridos começaram a cuidar das tarefas domésticas, coisa que nunca fizeram”.

Quando estão reunidas elas tratam dos assuntos administrativos, mas já não se descuidam de si próprias.  Com muito bom humor falam sobre assuntos como saúde, moda, beleza, política e estão sempre cuidando umas das outras. “Aqui não aprendemos apenas sobre piscicultura, mas, principalmente, sobre a vida e o que somos capazes de fazer com ela. Finaliza Eleonilde”

 

 

 

Jornalismo Econômico
Thamires Campos
Jornalismo- 7º Período

 

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